Centenas de manifestantes exigem em Casablanca libertação dos ativistas do norte de Marrocos
Centenas de pessoas manifestaram-se hoje em Casablanca para exigir a libertação dos ativistas detidos pelo seu envolvimento no movimento de protesto que há um ano decorre na região do Rif, no norte de Marrocos.
Esta manifestação é a última dos numerosos protestos que têm pedido a libertação dos ativistas da cidade de Al-Hoceima, a capital desta região do Rif, e onde já foram detidas centenas de pessoas.
Diversos dirigentes do movimento de oposição “Hirak al Chaabi” (Movimento Popular), vão a julgamento em 17 de outubro em Casablanca. No entanto, ainda não foi fixada a data do julgamento do líder do movimento, Nasser Zefzafi, detido em junho após uma dramática “caça ao homem”. Um tribunal de apelação decide este mês se vai ser mantida a acusação de “ataque à segurança do Estado”, que implica o risco de pena de morte. Há décadas que a pena de morte não é aplicada em Marrocos.
Cerca de 1.000 manifestantes concentraram-se hoje numa zona central de Casablanca, a capital económica de Marrocos, para exigir “liberdade, dignidade e justiça social”, referiu a agência noticiosa Associated Press (AP).
O movimento de protesto tornou-se no principal desafio para o reino do norte de África, um aliado dos Estados Unidos e conhecido pela sua estabilidade, após a Primavera árabe em 2011 ter derrubado diversos regimes em toda a região.
No entanto, as raízes desta ampla movimentação popular são locais. Os protestos iniciaram-se há um ano, quando um vendedor de peixe em Al-Hoceima foi esmagado por um compressor de lixo quando tentava recuperar o peixe que lhe foi confiscado por agentes da autoridade.
Após sete meses de protestos, as autoridades começaram em finais de maio a prender os manifestantes do Rif. Atualmente, 216 estão nas prisões, com 47 a aguardarem julgamento na prisão de Ukacha, em Casablanca, e 169 condenados a aguardarem sentenças na prisão regional de Al-Hoceima.
Na sexta-feira, familiares dos ativistas presos alertaram Rabat sobre o estado de saúde de 35 detidos que se encontram em greve de fome há mais de três semanas na prisão de Casablanca.
Em conferência de imprensa na sede da Associação marroquina de direitos humanos (AMDH), familiares dos detidos e os seus advogados pediram a anulação das acusações contra os ativistas e responsabilizaram as autoridades pela deterioração do estado de saúde dos presos que iniciaram a greve de fome.
O Governo de Rabat tem prometido projetos de desenvolvimento para a região, que regista uma longa história de rebelião contra os líderes marroquinos.
O rei Hassan II, pai do atual monarca Mohammed VI, nunca visitou a região do Rif. No entanto, no final de junho, e na celebração do seu 18º aniversário da subida ao trono, Mohammed VI decidiu incluir diversos dos detidos em Al-Hoceima entre os 1.178 presos que beneficiaram do indulto real anual.
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