Pelo menos 14 manifestantes foram mortos no início desta semana no leste do Chade em confrontos com a polícia após uma disputa entre duas comunidades, segundo um funcionário do governo e associações.
Em Abeche, capital da província de Uadai, os uadaianos manifestaram-se para protestar contra a investidura num lugar reservado ao seu chefe tradicional de um funcionário eleito pela comunidade árabe.
Alguns foram mortos na segunda-feira pela polícia, outros no dia seguinte no funeral, disseram duas associações de direitos humanos.
Um funcionário governamental disse à agência France-Presse (AFP), sob condição de anonimato, que 14 manifestantes foram mortos e 64 ficaram feridos, mas não revelou quem os matou ou feriu.
"A situação está calma desde ontem [quinta-feira] e a tensão diminuiu", acrescentou a mesma fonte.
Segundo uma fonte médica citada pela AFP, "estes acontecimentos custaram a vida a 11 pessoas e feriram 60".
A Convenção Chadiana para a Defesa dos Direitos Humanos (CTTDH) deplorou "o uso excessivo de armas de guerra contra manifestantes desarmados", numa declaração, referindo-se a "vários mortos e feridos".
"As forças da ordem, na sua tentativa de dispersar os manifestantes, usaram munições vivas causando pelo menos cinco mortos e 35 feridos" só no primeiro dia dos confrontos, segundo a Comissão Nacional dos Direitos Humanos (CNDH).
Na segunda-feira, membros da comunidade de Uadai manifestaram-se para protestar contra a planeada "entronização", este sábado, de um chefe de um cantão da comunidade árabe.
Recusaram-se a permitir que a cerimónia tivesse lugar no antigo palácio real e depois na Praça da Independência, lugares tradicionalmente reservados ao seu sultão, explicou à AFP um funcionário local eleito que solicitou o anonimato, uma versão confirmada pela CTTDH.
Ocorreram então confrontos entre eles e as forças de segurança, resultando em várias mortes.
Na terça-feira, durante os seus funerais, outros uadaianos morreram em novos confrontos, de acordo com as mesmas fontes.
Lusa