Lucros não devem ser foco principal das empresas de media – Júlia Cagé

Lusa

Os meios de comunicação social são empresas com características diferentes, por isso, o seu principal foco não deve ser os lucros, defendeu hoje, em Lisboa, Julia Cagé, membro do Conselho de Administração da agência France Presse.

“As empresas de media não são como as outras companhias, [por isso], a sua proposta principal não deve ser os lucros”, afirmou Julia Cagé, durante a sua intervenção na conferência “Financiamento dos Media”, organizada pelo Sindicato dos Jornalistas (SJ).

A também autora do livro “Salvar os media” disse que o dinheiro nos media deve ser “pensado” da mesma forma que na política, mas ressalvou que os subsídios públicos podem abrir a porta à “manipulação dos jornalistas” ou à utilização dos meios de comunicação como um elemento a favor do Governo.

No entanto, admitiu que em muitos países os subsídios públicos são a única forma de os meios de comunicação conseguirem continuar a desenvolver a sua atividade.

“Os media, tal como as universidades, disponibilizam uma informação pública e de boa qualidade. A informação é um elemento essencial […] na democracia”, considerou.

Julia Cagé notou ainda que os media estão financeiramente dependentes da publicidade que, por sua vez, também tem vindo a diminuir, sendo uma das causas do “colapso” no número de jornalistas em atividade, a nível mundial.

Esta responsável sublinhou ainda que a melhor opção é sempre um modelo de negócio que não esteja dependente desta atividade, de modo a garantir “a qualidade das notícias” e a sua independência.

Assim, para garantir a qualidade da informação disponibilizada, a solução pode passar por um “novo tipo de identidade” ou organização dos media sem fins lucrativos, sublinhou.