Poder de compra na Região abaixo do continente e acima dos Açores

O Instituto Nacional de Estatística divulgou hoje uma nova edição do Estudo sobre o Poder de Compra Concelhio (EPCC) com dados para o ano de 2015.

Segundo o INE, neste indicador a RAM surge com um valor de 86,9, abaixo de todas as regiões NUTSII do Continente (Norte, Centro, Área Metropolitana de Lisboa, Alentejo e Algarve), mas acima da Região Autónoma dos Açores (85,5). O único município da RAM com um IpC superior à média nacional é o Funchal (115,3), surgindo como o 13.º município do país com valor mais elevado neste indicador. Além do Funchal, apenas o Porto Santo (93,6) apresenta um valor superior à média regional. Ponta do Sol (55,8) é o município da RAM com o IpC mais baixo, logo seguido de Câmara de Lobos (57,3) e Santana (59,8), integrando estes três municípios da RAM um conjunto de 16 municípios nos quais o IpC é inferior a 60.

No que se refere ao PPC, os dados evidenciam a posição de destaque do Funchal que refletem não só um IpC elevado mas também o facto de concentrar a maior parte da população da Região. Assim, o Funchal faz parte de um conjunto restrito de municípios que têm mais de 1% do poder de compra nacional. Fora das Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto, apenas Braga, Coimbra, Leiria, Guimarães e Vila Nova de Famalicão fazem parte deste grupo. Já o Porto Moniz, apresenta o PPC mais baixo da RAM, traduzindo a sua reduzida expressão populacional. No contexto regional, o Funchal concentra 54,6% do poder de compra da RAM, Santa Cruz 14,2% e Câmara de Lobos 8,8%.

O Fator Dinamismo Relativo (FDR) pretende refletir o poder de compra de manifestação irregular, geralmente sazonal, e que está relacionado com os fluxos populacionais induzidos pela atividade turística, traduzindo a dinâmica que persiste na informação de base para além da refletida no primeiro fator extraído da análise fatorial – o poder de compra per capita manifestado quotidianamente nos territórios.

Este indicador, que de certo modo traduz a importância da atividade turística para cada município – levando em consideração o contexto nacional – capta a relevância que aquela atividade tem para os municípios da Região. Assim, todos os municípios da RAM, com exceção de Machico e de Câmara de Lobos, apresentam um FDR superior ao do país (‑0,009), com saliência para o Porto Moniz (0,986), Porto Santo (0,856) e Funchal (0,435), que são aliás os municípios que mais contribuem para o valor regional (0,232).

Este estudo tem por objetivo caracterizar os municípios portugueses relativamente ao poder de compra numa aceção ampla de bem-estar material, a partir de um conjunto de variáveis e por recurso a um modelo de análise fatorial em componentes principais, permitindo a disponibilização de indicadores de síntese que traduzam o poder de compra nesses espaços geográficos. No conjunto de variáveis acima referido incluem-se dados sobre operações da rede Multibanco, crédito à habitação concedido, impostos, população, empresas, vendas de automóveis novos e de prédios urbanos.

O primeiro ano para o qual se realizou este estudo foi 1993. No entanto, no documento metodológico de suporte à operação estatística é referido que “a metodologia adotada no EPCC é particularmente adequada ao confronto espacial dos diferentes indicadores de poder de compra apresentados, mas ajusta-se menos a comparações temporais”, pelo que a DREM apresenta no seu portal de estatísticas oficiais os quadros separadamente para os três últimos anos de referência do EPCC (2011, 2013 e 2015) e limitará a análise dos parágrafos seguintes ao ano de 2015. Não obstante as cautelas necessárias na leitura comparativa dos indicadores entre os vários anos do Estudo, é legítima a comparação das posições em termos do ranking dos diferentes municípios, no que diz respeito à sua evolução ao longo do tempo.

O EPCC compreende três indicadores: o indicador per capita (IpC), a percentagem de poder de compra (PPC) e o fator de dinamismo relativo (FDR).

O IpC pretende traduzir o poder de compra manifestado quotidianamente, em termos per capita, nos diferentes municípios ou regiões, tendo por referência o valor nacional. Note-se que não significa que seja o IpC dos residentes no município, mas o manifestado no município.

A Percentagem de Poder de Compra (PPC) é um indicador derivado do Indicador per Capita (IpC) e pretende avaliar o grau de concentração do poder de compra nos diferentes territórios, tendo em consideração que as áreas de maior ou menor poder de compra no território nacional dependem, não só da distribuição do poder de compra per capita pelo país, mas também da distribuição espacial da população residente.