O presidente do BPI e o economista António Nogueira Leite defenderam hoje, numa conferência, a descida do impostos sobre os lucros das empresas e concordaram que o setor bancário é maltratado em termos públicos.
"A banca é o maior centro de demagogia a que eu assisto [na sociedade portuguesa], é um excelente bode expiatório", afirmou o presidente do BPI, João Pedro Oliveira e Costa, referindo que o banco que lidera paga mais de 40% de impostos sobre os lucros.
"Eu não me queixo de pagar impostos, todos temos de contribuir, agora em muito do que se fala de impostos [sobre a banca] há uma enorme demagogia", vincou.
Sobre o Orçamento do Estado, o presidente do BPI considerou ser "equilibrado", que é importante o excedente orçamental esperado para este ano (0,8% do Produto Interno Bruto), face à incerteza internacional e contração na Alemanha, e medidas como o IRS Jovem.
Contudo, defendeu que é preciso mais medidas para empresas, nomeadamente a descida do IRC.
"Se quisermos manter as empresas competitivas temos de baixar o IRC", afirmou Oliveira e Costa, para quem são as empresas e os empresários que dão emprego.
"Já ninguém se lembra que tivemos uma pandemia, todos fechados em casa e as empresas viradas ao contrário. Não houve subsídios de ninguém", disse, considerando que há que combater a economia paralela, reduzir a carga fiscal e não penalizar sempre os mesmos.
"Estão os papalvos que pagam e eu sou um deles e sinceramente não gosto de pagar 50% [de IRS]", afirmou.
Oliveira e Costa afirmou ainda que, nas empresas, as medidas não podem ser apenas viradas para as Pequenas e Médias Empresas (PME) pois são muito importantes as grandes empresas na atração de emprego e talento.
Também o economista e professor universitário António Nogueira Leite considerou que é preciso baixar o IRC e valorizar as grandes empresas.
"Concordo que os bancos são pessimamente mal tratados na opinião pública e publicada, mas as empresas grandes também", disse, acrescentando que "não faz sentido um IRC maior para empresas maiores quando queremos incentivar as empresas a crescer".
Sobre o Orçamento do Estado para 2024, considerou importante a redução da dívida pública face ao Produto Interno Bruto (PIB), afirmando que a inflação ajuda nesse processo mas que há também mérito do Governo.
Considerou, contudo, que "não é sustentável o atual modelo de ajustamento da despesa", com cada vez menos investimento público e grande compressão da despesa operacional, o que "se reflete na qualidade dos serviços" como Autoridade Tributária ou serviços de Registo e Notariado. Considerou mesmo que se o Governo fosse de centro-direita havia mais notícias do mau estado de serviços públicos na comunicação social.
O ex-secretário de Estado do Tesouro e Finanças (Governo PS de António Gueterres) e antigo vice-presidente do Conselho de Administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD) defendeu um consenso entre os principais partidos para uma reestruturação dos serviços do Estado e carreiras com incentivos adequados que fixem as pessoas.
"Não é preciso ser um pacto de regime como aquele de que o Dr. Marques Mendes está sempre falar na televisão, é um acordo de ‘vamos fazer isto funcionar’", afirmou.
Lusa