Rui Abreu, diretor regional das Comunidades, esteve hoje no coração de Hillbrow, na África do Sul, zona famosa pelos piores motivos porque outrora foi a área mais populosa do mundo por centímetro quadrado e também a mais violenta fora das zonas de guerra. A violência continua instalada fazendo parte do quotidiano de quem ali trabalha e de quem ali reside.
O diretor regional visitou o negócio de Rui Andrade, comerciante madeirense nascido em Santo António, que se estabeleceu em Hillbrow por sentir a necessidade de auxiliar a sua irmã, Liliana Simões, que há 21 anos perdeu o seu marido, José Manuel Ferreira, num assalto à mão armada cometido por um dos seus empregados quando abria o cofre para mais um dia de trabalho. Decorria a fatídica manhã de 24 de dezembro de 2001.
O Dynamo Supermarket, explicou Rui Andrade, está inserido ambiente ameaçante. Mas o madeirense não se evidencia aterrorizado apesar dos roubos, incêndios e até ações de xenofobia serem uma constante.
Rui Andrade defendeu o seu negócio quando os saqueadores se preparavam para destrui-lo o supermercado. E, surpreendentemente, os habitantes da área e de forma especial os seus clientes, vieram para a rua confrontar os desordeiros, recusando-se a deixar penetrar os malfeitores salvando assim o negócio e até a vida de alguém que é respeitado e conhecido por ser respeitador e por ajudar os menos privilegiados a quem ajuda a montar pequenos negócios.
Rui Abreu evidenciou-se bem impressionado com a intrepidez do que lhe foi permitido constatar num supermercado que fornece os seus serviços a centenas de clientes numa base diária em ambiente que sem dúvida requer sangue-frio, presença de espírito e afoiteza calculada.
O diretor regional deslocou-se a Hillbrow numa jornada planeada com um dos seus conselheiros e manteve desde o início o maior interesse em se deslocar para falar com Rui Andrade, apesar de alguns pessimistas que tentaram persuadi-lo a não o fazer.
Hoje, no período da manhã, a polícia registou três roubos consumados por três meliantes residentes no prédio Vadin Court nas proximidades do local visitado. Os meliantes foram detetados por câmaras de vigilância onde verificou a aproximação dos malfeitores às vítimas à vista do público e tentando estrangular uma das pessoas. O número de homicídios na área hoje visitada pelo governante madeirense diminuiu bastante e agora cifra-se numa média de 16 a 18 por dia, sendo no passado muito mais grave.
Após a visita a Hillbrow, o diretor regional das comunidades madeirenses deslocou-se ao Lar Rainha Santa Isabel, tendo sido recebido pelo presidente da Sociedade Portuguesa de Beneficência (SPB) John Caetano, que lhe mostrou a gestão e vida daquela organização e de apoios a serem concedidos futuramente ao Lar da Rainha Santa Isabel.
José Luiz da Silva – Correspondente em Joanesburgo (África do Sul)