A organização não-governamental (ONG) Foro Penal (FP) pediu hoje às autoridades venezuelanas que libertem a jovem luso-venezuelana Carla da Silva, detida preventivamente, por motivos políticos, há mais de três anos.
"Carla da Silva é uma das presas políticas na Venezuela. Foi detida arbitrariamente em 5 de maio de 2020, e encontram-se em ‘El Helicoide’ [prisão em Caracas], nesse lugar que tanto se conhece porque vários presos políticos estão aí", explicou o diretor do FP num vídeo divulgado na Internet.
Alfredo Romero explicou ainda que a luso-venezuelana "está já há mais de três anos privada da liberdade, preventivamente, ou seja, sem ser condenada".
"Em conformidade com a nossa lei, deveria estar em liberdade, porque ninguém pode estar, na Venezuela, mais de três anos privado da liberdade preventivamente", sustentou.
"Na minha casa há um lugar vazio na mesa, na cama, e quando acordo pela manhã não posso dar os bons dias à minha filha, nem a bênção, porque foi sequestrada, torturada, apenas por ser uma peça de intercâmbio", disse precisando que Carla da Silva denunciou ter sido torturada por três funcionários das Forças de Ações Especiais (FAES).
Entretanto, numa mensagem da rede X (antigo Twitter) o FP explicou que a luso-venezuelana está detida ao cuidado do Serviço Bolivariano de Inteligência (SEBIN, serviços de informação).
Segundo a imprensa venezuelana, Carla da Silva, foi detida na tarde de 05 de maio de 2020, durante uma festa infantil na qual conheceu uma mulher que teria alegadamente participado, dois dias antes, numa operação conspirativa conhecida como "Operación Gedeón" (um ataque marítimo de ex-militares).
A luso-venezuelana foi levada por funcionários das FAES para La Quebradita (oeste de Caracas), onde foi interrogada e impedida de regressar a casa.
Passados 20 dias é que os familiares conseguiram saber que Carla da Silva tinha sido detida e onde se encontrava.
Segundo o portal Efecto Cocuyo, Carla da Silva, foi torturada durante dois dias, amarrada e colocaram-lhe uma bolsa plástica na cabeça, enquanto era espancada.
O telemóvel foi inspecionado e foi submetida ao polígrafo.
Os últimos dados divulgados pelo Foro Penal dão conta de que na Venezuela existem 268 presos políticos e que nas últimas horas cinco cidadãos foram libertados na sequência das negociações entre o Governo do Presidente Nicolás Maduro e a oposição, que decorrem em Barbados, sob a mediação da Noruega.
Lusa