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Um ‘case study’ para o mundo

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Data de publicação
06 Março 2021
5:00

Opinião de Miguel Franco de Sousa, presidente da Federação Portuguesa de Golfe.

A apresentação de ontem no campo de golfe do Santo da Serra contou com a presença do dirigente máximo da modalidade em Portugal. Miguel Franco de Sousa, presidente da Federação Portuguesa de Golfe, elogiou a inovação posta em prática pelo CGSS e falou mesmo de um ‘case study’ na Madeira para ser seguido no resto do País.

Este é um bom exemplo para transportar da Madeira, para os campos de golfe do continente?

Miguel Franco de Sousa - Absolutamente, não só para o continente português como até ao nível internacional. Todos nós sabemos que a temática da utilização dos recursos naturais, da sua limitação e da sua boa gestão é absolutamente fundamental.

A água nos campos de golfe desempenha um papel fundamental. É uma preocupação que a Federação Portuguesa de Golfe tem, que outros agentes ligados à indústria e à modalidade desportiva em Portugal também têm, tal como ao nível internacional.

Neste momento está a ser estudada uma série de projetos. Esta iniciativa do Clube de Golf do Santo da Serra, em conjunto com o Governo Regional da Madeira, vai ser um excelente ‘case study’ para apresentar a qualquer campo de golfe, quer seja já existente, quer venha a ser construído, para contribuirmos com o melhor racionamento e utilização dos recursos hídricos, o que é absolutamente fundamental.

É um investimento importantíssimo. O golfe é um importantíssimo produto económico do País. Representa cerca de dois mil milhões de euros de receitas diretas, só do turismo de golfe, e, portanto, é uma modalidade que merece ser acarinhada, dada a importância que tem, quer ao nível do impacto económico, quer também social e a quantidade de empregos que gera.

Este projeto que aqui hoje estamos a ver é ambiental e socialmente sustentável. A água que não é utilizada vai ser usada pelos agricultores circundantes ao campo de golfe. Obviamente é uma boa utilização dos recursos financeiros, quer do clube, quer do governo, que proporciona uma grande poupança de água com a implementação deste novo projeto e da sua tecnologia.

Os campos de golfe estão fechados há quase dois meses em Portugal. Que impacto está a ter este encerramento, não só para os golfistas portugueses, como para os golfistas de turismo?

FPG - Para nós, golfistas portugueses, estamos privados de uma coisa importantíssima que é a prática da atividade física e desportiva. O golfe é uma modalidade que permite ser jogada dos 3 aos 103 anos, literalmente, e nós sabemos que se não houver atividade física e prática de atividade desportiva estamos a contribuir para que haja um aumento de doenças, sejam cardiovasculares, diabetes, obesidade, e inclusivamente doenças psicológicas, que são cada vez mais comuns. No aspeto nacional, esse é o principal fator.

Ao nível internacional, estamos a falar de algumas regiões, nomeadamente a região do Algarve que está a ser altamente penalizada. Viu-se privada da totalidade das épocas altas do ano de 2020 e agora esta primeira fase de 2021, restando agora saber se em setembro teremos uma retoma na totalidade.

Os impactos são devastadores, com as instalações a passar por enormes dificuldades, sobretudo aquelas que dependem mais dos mercados estrangeiros. Aqueles que têm um mercado nacional, uma estrutura maior de sócios, como é o caso do Clube de Golf do Santo da Serra, terão uma tendência para não sofrer tanto, mas de facto está a ser uma situação muito complicada, não só para o golfe, como para o mundo em geral.

No caso especifico do Algarve, neste momento, se os campos estivessem operacionais haveria golfistas estrangeiros a jogar?

FDP - Estaria cheio, sem dúvida absolutamente nenhuma.

Estamos no início da época alta do golfe. Neste momento, teríamos uns milhares de estrangeiros no Algarve a jogar golfe, como teríamos também aqui, no Santo da Serra. Nesta altura, teríamos, com certeza, muitos milhares de turistas que viriam a Portugal para jogar golfe. Turistas de consumo elevado.

Estamos a falar de turistas que gostam de consumir em hotéis de quatro e cinco estrelas, gastam muito dinheiro em restauração, enfim, não se coíbem de gastar nas lojas. É um cliente muto importante para o País e, por isso, temos de retomar rapidamente para o bem de todos.

Qual é a sua apreciação sobre as condições dos campos aqui na Madeira?

FPG - Muitíssimo boa. Sou um adepto fervoroso dos campos da Madeira. Venho regularmente ao Santo da Serra. Jogo todos os anos o ‘Madeira Golfe Trophy’, que se joga em junho, e cá estarei no próximo mês de junho.

É um dos meus campos favoritos. Tem uma localização magnífica. Toda a gente fica de boca aberta quando começa a jogar golfe no Santo da Serra. De facto, é um cartão de visita, um postal absolutamente maravilhoso.

As imagens do clube de golfe do Santo da Serra, do Palheiro e do Porto Santo são imagens que circulam no mundo do golfe e que são uma excelente promoção do País, em geral, e da Madeira, em particular.

Num futuro próximo, a Madeira poderá ser palco dos maiores torneios internacionais, à semelhança do continente?

FPC - Com certeza que sim. Estamos ansiosamente à espera que se possa retomar o ‘Open da Madeira’, um torneio icónico do circuito europeu profissional. É certo que este era um dos aspetos que teria de ser calculado, o de ter um sistema de rega que permitisse ter o campo em boas condições o ano todo, o que vai, certamente, contribuir para que muito brevemente possamos retomar o troféu que está aqui atrás de nós. Um troféu icónico, que já teve grandes campeões.

Já fizemos aqui grandes campeonatos internacionais, campeonatos da Europa. E, portanto, a Federação Portuguesa de Golfe, em conjunto com o Clube de Golf do Santo da Serra e com o Governo Regional, está sempre disponível para analisar grandes eventos internacionais para a Madeira, que são sempre importantes para a sua economia, para a sua sustentabilidade e para a sua afirmação, enquanto destino turístico.O lugar da Madeira no ‘European Tour’ está reservado, é isso?

FPG - Não, não está. Neste momento, o calendário está muito estranho. Vimos o anúncio do ‘European Tour’ a dizer que, provavelmente, os torneios que se iriam jogar em abril, em Portugal e Espanha, provavelmente vão ser jogados nos Estados Unidos.

Portanto, isto são tudo anúncios esquisitos, numa época esquisita. Não há essa data assegurada no calendário, mas estou convicto de que a Madeira podia e devia voltar o quanto antes.

Acha que na Madeira ainda há lugar para mais um grande campo de golfe?

FPG - Há sempre lugar para grandes campos de golfe. Eu não conheço os contornos, os estudos, nem essa realidade, portanto, não estou na posse da informação para me poder pronunciar relativamente a isso.

Por Agostinho Silva

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