As associações de futebol distritais e regionais estiveram reunidas no Porto, num encontro no qual foi aprovado por unanimidade uma proposta elaborada pela Associação de Futebol da Madeira, em conjunto com as congéneres de Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e Horta, tendo em vista o desenvolvimento do futebol nas Regiões Autónomas.
Agora cabe à Mesa do Plenário levar a proposta à Federação Portuguesa de Futebol para aprovação.
O documento apresentado aborda a questão dos transportes, com as associações insulares a proporem a existência de um modelo de apoio “consistente e previsível, bem como a revisão dos quadros competitivos nacionais, de forma a que as equipas progridam de forma sustentável.
O documento aborda ainda a questão da manutenção e consolidação infraestruturas e ainda a formação qualificada de técnicos, árbitros e dirigentes.
Leia na íntegra a proposta assinada por Rui Coelho, presidente da Associação de Futebol da Madeira:
“Proposta sobre a Insularidade e o Desenvolvimento do Futebol nas Regiões Autónomas
A primeira questão diz respeito aos custos de transporte e ao impacto económico da participação das equipas da Madeira e dos Açores nos quadros competitivos nacionais.
Os encargos adicionais associados à insularidade são profundamente significativos - para clubes, atletas e famílias.
Não falar sobre isto não é prudência: é omissão.
Garantir equidade competitiva implica assegurar condições reais para competir, o que inclui a existência de um modelo de apoio consistente e previsível ao transporte e às deslocações das equipas e atletas insulares.
A segunda questão refere-se à revisão dos quadros competitivos nacionais, para que as equipas das Regiões Autónomas possam progredir de forma sustentável, ajustada às suas realidades logísticas, financeiras e humanas.
A terceira prende-se com a manutenção e consolidação das infraestruturas desportivas na Madeira e nos Açores, essenciais para fixar talento, formar atletas, capacitar treinadores e reforçar a competitividade das Seleções Regionais e do Futebol Nacional.
A quarta questão, transversal a todas as anteriores, é a formação qualificada de técnicos, árbitros e dirigentes, garantindo que todos têm acesso, em território próprio, a percursos de formação e certificação coerentes e progressivos.
Propostas da Associação de Futebol da Madeira
Criação de um Grupo de Trabalho Permanente sobre Insularidade, no seio da Federação Portuguesa de Futebol, liderado pela FPF e composto pelas Associações da Madeira, Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e Horta.
Este grupo deverá produzir recomendações operacionais, modelos competitivos adequados, propostas de financiamento e um quadro de acompanhamento anual.
Elaboração conjunta de um Plano Estratégico de Desenvolvimento do Futebol nas Regiões Autónomas, com horizonte de 12 anos, preparado pela FPFem articulação com as Associações da Madeira e dos Açores, a apresentar formalmente aos Governos Regionais.
Este plano deverá integrar as políticas de desporto, juventude, formação e infraestruturas, afirmando que o futebol não é apenas competição - é coesão territorial, identidade cultural e desenvolvimento humano.
Estamos aqui para garantir equidade, porque “igualdade” não chega - é preciso justiça competitiva. A Madeira está, e estará sempre, disponível para trabalhar com a Federação Portuguesa de Futebol, para que nenhum talento se perca por causa da sua geografia.”