"Professor e Ensaísta, Político e Artista: António Ribeiro Marques da Silva (1932-2022)", assim se chama o livro que foi, ontem, apresentado no Espaço IDEIA da Assembleia Legislativa da Região.
Conforme informa uma nota enviada à redação, a obra "é uma homenagem a esta figura maior da nossa cultura", referiu o autor da obra, o historiador e investigador Marcelino de Castro e coordenador do IDEIA - Investigação e Divulgação de Estudos e Informação sobre a Autonomia.
O livro foi apresentado por Jorge Freitas Branco, antropólogo e Professor Catedrático Jubilado do ISCTE. O investigador académico referiu que a biografia e a obra de António Ribeiro Marques da Silva, descrita em 9 breves capítulos e 2 anexos, "permite ter um conhecimento mais circunstanciado e fazer o percurso biográfico de Marques da Silva".
"Como primeiro diretor regional dos Assuntos Culturais, a convite de Carlos Lélis e no primeiro governo de Alberto João Jardim, a sua ação, embora durante pouco tempo, foi deveras fundadora, sobretudo lançando as bases dos grandes trabalhos de inventário e de descentralização cultural, sobre a qual muito refletiu e que depois foram continuados, aprofundados, revistos e reelaborados pelo dedicadíssimo trabalho de sucessivas equipas na Direção Regional, hoje importante departamento de salvaguarda e de estudo da nossa vida cultural e praticamente em todas as suas áreas de intervenção", pode ler-se na mesma nota.
"A DRAC era uma vontade política, mas naquele de início autonómico era uma vontade indefinida. Era um tipo de cultura erudito, conservador e que tinha uma pequena máquina de produção. Portanto era algo que não trazia nada de novo e não traduzia os ventos que estavam a soprar", explicou Jorge Freitas Branco. "Na altura havia uma grande pressão sobre a DRAC, porque se solicitavam muitos subsídios. O dilema que se vivia na altura é de que uns defendiam uma política de cultura liga à Educação e outros que defendiam uma política de cultura que não tivesse ligada à Educação e a opção que apareceu foi a opção do Turismo, mais ligada à animação", explanou o professor catedrático, justificando assim parte das mudanças introduzidas na política cultural de então.
No prefácio, subscrito por José Manuel Rodrigues, o Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, diz-se que, tendo sido "conhecido fundamentalmente por ter sido professor, e um Grande Professor (o último Diretor da antiga Escola Industrial e Comercial do Funchal do Estado Novo)", António Ribeiro Marques da Silva foi na verdade muito mais do que isso. "António Ribeiro Marques da Silva era sobretudo um homem de causas. Era persistente na defesa dessas causas, e numa linguagem mais atual podemos dizer que era um ativista. Não sabia o que era a neutralidade, nem aquilo que era a indiferença". Como professor, "Marques da Silva primava que correção e sobretudo pela a elevação no trato com os estudantes, num plano de quase igualdade entre o professor e o aluno", reforçou José Manuel Rodrigues.
O lançamento da obra foi o mote para a inaugurada de exposição exemplificativa dos trabalhos artísticos de António Ribeiro Marques da Silva, também no Espaço IDEIA. Trata-se de uma mostra de 50 trabalhos significativos quanto à sua gramática estética, que pode ser vista até 29 de setembro, no espaço IDEIA.
"Com esta exposição e com este livro, resgatamos pedaços da sua vida. Este é o reconhecimento póstumo a quem fez muito pela Madeira e pelas suas gentes e que não pode ficar esquecido", concluiu José Manuel Rodrigues.
Redação