E começa tudo outra vez. Quando janeiro se acende em fogos e brindes, acreditamos, de novo, no verbo acreditar. E pedimos, independentemente da fé de cada um, que o ano traga o que nos fez falta: de saúde, de trabalho, de dinheiro ou de amor.

Janeiro é um mês mágico, apesar de longo (conversa de quem ultrapassou o orçamento em dezembro), porque transporta em si todas as possibilidades. Não digo que não se revista de alguma nostalgia, neste apesar de coisas que ainda (me) fazem sonhar. Janeiro abre-nos o futuro e o futuro é sempre uma novidade.

Gosto de pensar os começos assim: como novidades, portas abertas para o que há de vir, coração preparado para receber o que a vida há de trazer.

Gosto de janeiro por aquilo que ele representa de esperança. E eu preciso de ter esperança para conseguir caminhar. E não, não me venham dizer,

- no meu tempo é que era bom,

porque o nosso tempo é este hoje que se abre agora, com um horizonte de muita vida para viver. Que vai ser tudo bom? Não, sabemos que não será assim. Que vamos rir o tempo todo? Também não. Sabemos que haverá lágrimas a regar algum do nosso chão. E que cantaremos, no meio do choro. E que choraremos no meio do riso. E que nos calaremos para beber o silêncio. Mesmo que, às vezes, o silêncio pareça pesar como pedras. Mesmo que.

Talvez, por isso, e porque é este o modo de chegar até si, faça destas palavras (são palavras. apenas) uma oração:

Que janeiro nos traga a força de acreditar. Que sejam de paz os dias do mundo. Que a vida nos permita viver mais este ano, com um sorriso no rosto, com os braços em forma de colo, com a coragem de quem sabe que há sempre um porto para abrigar das tempestades do mar.

E rezo, rezo, sim, porque preciso de fé para aparelhar a minha barca e me pôr a caminho. E desejo a todos os que, hoje, tiveram paciência de me ler, um ano muito feliz!