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Artigo de Opinião

Bispo Emérito do Funchal

12/12/2021 07:30

Li recentemente no jornal francês La Croix que, não pode ser catalogado de retrógrado, que a Comissão Europeia tomara a iniciativa de pedir, devido aproximar-se o tempo do Natal do Redentor, para na Europa se evitar, esquecer e não dizer "Boas Festas de Natal" para facilitar a integração dos não cristãos.

Como era de esperar o Vaticano opôs-se a uma proposta afrontosa, quando a União europeia, certamente não todos os seus membros, diz respeitar a liberdade religiosa e defender a criação de mesquitas em todo o continente com altos minaretes e muito respeito pelo Ramadão, quando os cristãos não podem erguer lugares de culto nas suas terras.

Será que perante um texto deste género podemos ficar mudos e sérios? Perguntamos, que diriam os três "Pais da Europa" grandes fundadores da União, homens de fé, tendo até um deles, Schumann, um processo de beatificação em Roma, que elegeram para a bandeira da União as "dozes estrelas" da coroa da Mulher do livro do Apocalipse (Apoc. 12,1)?

Até parece ironia, num tempo em que todos os países se preocupam e perturbam com a nova vaga de covid -19, cujo crescimento nos flagela e atormenta, as instâncias europeias não encontraram nada melhor para fazer do que pedir para se apagar o Natal cristão! Mas será coisa tão grave? As crianças da Europa cristã em vez do Pai Natal teriam um "Pai Inverno".

Mas não será uma anedota? O jornalista de La Croix escreve que a Comissão revela uma terrível auto-amnésia de que a Europa é capaz de um dia nos precipitar no vazio da história.

O problema, é de facto o da identidade da Europa, da sua existência como civilização, como construir uma identidade sobre o vazio?

Certamente que no princípio da Comunidade Europeia quiseram esquecer o passado após os horrores de duas guerras mundiais, houve a ilusão que se podia começar pelo zero do nosso continente, dando como valores comuns o carvão e o aço.

A mundialização rompeu as barreiras tradicionais, a Europa inquieta-se, levanta barreiras, protege-se, esqueceu-se da sua história, poderá ainda falar de valores europeus, mas estes fundamentam-se sobre tradições, culturas, costumes comuns, um viver em conjunto, dos quais o Natal, continua sem dúvida em Portugal, a ser um dos momentos mais emblemáticos, familiares e religiosos. Foi em nome das suas convicções cristãs que Angela Merkel pronunciou o célebre "Wir racheffen das"

"Nós o faremos" quando abrir as portas da Alemanha aos refugiados sírios. Não se integrarão mais eficazmente as novas minorias apagando o Natal do nosso vocabulário.

A história divina daquele menino que nasceu numa manjedoura e foi bafejado pelos animais, na maior pobreza, atrai melhor os pobres que tiveram de abandonar as suas casas, atravessar o Mediterrâneo e encontrar uma nova família. O Filho da Virgem Maria anuncia um Reino que não é deste mundo, que todos somos irmãos e filhos do Pai que está nos Céus, e os anjos anunciaram aos ignorantes pastores de Belém: "Nasceu-vos hoje na cidade de David um Salvador, que é o Cristo, o Senhor". (Lc. 2,119.)

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