O Papa Francisco convocou o Povo de Deus para um caminho sinodal que foi aberto com grande solenidade a 9-10 de outubro de 2021.

Quando foi eleito Papa, a 13 de maio de 2013, disse: "Agora começamos este caminho: bispo e povo...um caminho de fraternidade, de amor, de confiança entre nós". Usou três vezes a palavra caminho!

A palavra grega" synodos" é composta da preposição "syn" (com) e do substantivo "hodos," (caminho) indica o caminho que os membros do povo de Deus vão percorrer em conjunto, significa discernimento e procura da vontade de Deus, não apenas como pessoa singular, mas como comunidade cristã. Escreve um poeta: "Não há caminho, o caminho faz-se caminhando."

Este pensamento não é novo, São João Crisóstomo, o "Boca de Ouro" patriarca de Constantinopla no ano 397 afirmou: "Igreja é o nome que está por sínodo". O Papa Francisco já cunhara a expressão "Chiesa in uscita" (Igreja em saída), missionária, com uma dinâmica que brota do Concílio Vaticano II, embora este conceito de "sinodalidade" não apareça explicitamente no Concílio, mas está no centro de renovação próprio deste grande Concílio, por ter assinalado um passo importante na tomada de consciência que a Igreja tem de si mesma e da sua missão no mundo contemporâneo. "O objetivo deste processo participativo não será principalmente a organização eclesial, mas antes o sonho missionário de chegar a todos", como afirma a Evangelium Gaudium.

Sinodalidade significa construir um povo, uma comunidade fraterna e missionária ao serviço do bem comum da sociedade e da construção da casa comum.

O Papa Francisco não nos apresenta uma Igreja construída de pequenas pedras, esta é uma imagem mecânica da comunhão, melhor será apresentá-la como uma sinfonia, notas diferentes com uma relação sinfónica, notas diversas de uma composição que não é cacofonia. Nesta sinfonia as notas não estão já escritas, cada um toca segundo a inspiração condividida no momento. O Papa insiste que o Sínodo não é uma assembleia parlamentar onde se discute e se vota pela maioria, aqui o protagonista é o Espírito Santo, que nos dá discernimento espiritual para a procura da vontade de Deus para a Igreja.

Para isto, é necessária uma auscultação muito grande, de Deus, na oração, na liturgia, no exercício espiritual, na escuta da comunidade eclesial, no confronto e debate sobre as experiências, no escutar o mundo, porque Deus está sempre presente, inspirando, movendo, iluminando, agitando, para que a Igreja não esteja separada da vida.

Para haver Sínodo implica ser humilde, passar do "eu" ao "nós". É preciso viver o tempo sinodal com paciência e muita espera e esperança, abrindo bem os olhos. Uma palavra importante é a bíblica "Effathá" ou seja "Abre-te" (Mc.7.34). Jesus perante o surdo mudo, "levantando os olhos ao céu, deu um suspiro e disse-lhe "Effathá" que quer dizer "Abre-te".