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Artigo de Opinião

Bispo Emérito do Funchal

5/09/2021 07:00

Os Cardeais, a 16 de outubro do longínquo 1978, escolheram o Cardeal Wojtyla como sucessor de São Pedro, fato surpreendente, era o primeiro Papa não italiano depois do Papa Adriano V, eleito em 1522. Encontrava-me em Roma como secretário do Cardeal António Ribeiro e Reitor do Colégio Português. O que mais surpreendeu o povo romano não foi ser italiano, mas o ter vindo da Cortina de Ferro, de Cracóvia, na Polónia. O aparecimento na janela para saudar Roma e a Igreja Universal, foi entusiástico, disse que era um Papa que vinha "da lontano" e quando dissesse em italiano uma palavra não correta que o emendassem...

No seu mundo biográfico ressaltava uma experiência direta da vida real, tanto do mundo capitalista quer do comunista. O Padre e professor, Wojtyla tinha sido docente na Universidade de Lublino das realidades sócio económicas. No Concílio Vaticano II tinha contribuído para a elaboração da "Gaudium et Spes," além de ser conhecido como um martelo de oposição ao comunismo, que nascera e crescera junto da sua pátria tão católica. O Kremlin enfureceu-se, agora ele tinha uma cátedra que chegava a todo o mundo, era preciso estudar o modo de o fazer para evitar males maiores, porque ele tinha ideias claras e muito elaboradas sobre os temas centrais da doutrina social da Igreja, e a mensagem social cristã. Em agosto de 1980 Lech Walesa fundava com outros operários o primeiro Sindicato independente num país do bloco comunista. O contributo à doutrina social da Igreja foi absolutamente decisivo. Nenhum outro Papa escreveu tanto sobre este argumento. Publicou três grandes encíclicas sociais a "Laborem exercens" (1981), descobre no trabalho humano uma participação no trabalho criativo Divino. Defende, sem meios termos, a legalidade do sistema salarial, o Papa escreve: o "capital é fruto do trabalho em sentido diverso do que tinha dito Marx".

A segunda encíclica aparece em dezembro de 1987, a "Sollicitudo Rei Socialis", o Papa afronta a denúncia corajosa e profética, afirma que é necessário denunciar com firmeza a existência de redes e mecanismos perversos económicos, financeiros e sociais, que agem de maneira quase automática, perpetuando a riqueza de alguns e a indigência dos outros". A Encíclica defende que somos cidadãos da Terra, sempre mais interdependentes, este facto deve tornar-nos sempre mais solidários. Esta doutrina é parte integrante da missão pastoral e docente do ensino que Jesus Cristo confiou à sua Igreja.

A Encíclica "Centesimus annus", do Iº de maio de 1991, depois do colapso clamoroso do império soviético, Gorbatchov chefe do Kremlin havia começado uma gradual transformação do sistema comunista que não foi suficiente, mas desintegrou-se, o muro de Berlin cai e os países satélites de Moscovo formam governos não comunistas, no primeiro de dezembro de 1989, Gorbatchov visita o Papa João Paulo II no Vaticano.

Na primeira homilia do seu Pontificado, o Papa pede para não termos medo de Cristo e abrir-lhe as portas dos corações, mas também os Estados, os sistemas económicos, políticos, da cultura e da civilização.

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