Herodes, ao qual a história atribui o título de Grande, é um dos personagens mais conhecidos do Novo Testamento, símbolo do terror, astúcia e poder absoluto. São Mateus refere-se a ele por ocasião da vinda dos magos a Belém para visitar Jesus e sua Mãe, e da matança dos meninos com menos de dois anos da pequena cidade onde tinha nascido o Maior Rei de Israel, David.

Herodes nasceu na Idumeia, território ao sul da Palestina, portanto não era judeu. As dificuldades entre os chefes romanos que, de Damasco, se tinham imposto e dominavam os judeus facilitaram a vida a Herodes que, juntamente com seu pai Antípatro, se aliara aos assassinos de Júlio César em Roma. Como constasse em Jerusalém que ele tentava ser rei dos judeus, estes não queriam de forma alguma que assim sucedesse e procuraram impedi-lo em Roma, pedindo ao general António, o protetor de Cleópatra rainha do Egito, que também evocava direitos sobre a Judeia.

O ódio e desejo de vingança subiu à cabeça de Herodes que jurou vingar-se e se tornou um inferno junto da cidade piscatória de Magdala. Nem um só escapou, apesar de estarem recolhidos em cavernas nos rochedos sem via de comunicação para lá chegar.

Como raposa astuta, Herodes convenceu António a ter em conta as boas relações que tivera com seu pai no ano 41 a.C. e conseguiu o título de tetrarca da Galileia e Samaria. As relações com Antígono deterioram-se e Herodes fugiu para o Egito e depois para Roma.

Como era grande diplomata, muito hábil, conseguiu convencer os romanos Otávio e António a se unirem e pedir ao Senado romano que nomeou Herodes monarca da Judeia e "rei amigo e associado ao povo romano". Entrou em Jerusalém no ano 37 a.C. capturou Antígono e enviou-o para Antioquia onde foi executado por António.

Herodes reentrou em Jerusalém triunfante, casou com a bela Mariamme, neta do sumo sacerdote e, tornou-se por afinidade, familiar da aristocracia sacerdotal. Ordenou a execução de 45 membros do Sinédrio judaico que tinham sido seus opositores.

Herodes reinou desde 37 a 4 a.C. mostrando grande talento político, foi admirável construtor de cidades e monarca absoluto sem piedade, exterminando a maior parte da família dos asmoneus que tinha reinado na Palestina. No fim da vida, temendo que os familiares o matassem, mandou assassinar a esposa Mariame, estrangular os filhos Aristóbulo e Alexandre, cinco dias antes da sua morte mandou assassinar o filho Herodes Antípatro, tendo antes afogado nos banhos o futuro sumo sacerdote. Quanto às crianças de Belém, era um facto insignificante que Flávio Josefo não refere essa barbaridade. Contudo, não publicou nenhuma lei aprovando o aborto no ventre das mães.

Para atrair a simpatia e receber rios de dinheiro, começou as obras de ampliação do Templo de Jerusalém, conferindo ao edifício uma amplitude, beleza, riqueza impressionante, celebrando com toda a solenidade as festas religiosas. Os sumos sacerdotes ainda suportavam Herodes, mas o grupo dos fariseus odiavam-no por causa da sua luxúria, vinganças, assassinatos e impostos exagerados. Foi este o Templo que Jesus conheceu e visitou e onde São Tiago Menor, protetor da Diocese e cidade do Funchal, foi Bispo e junto dele viveu quase toda a sua vida. Tendo São Tiago sido martirizado no ano 62, a cidade e o Templo foi destruído e queimado pelo romano Tito, filho do Imperador Vespasiano no ano 70.

Herodes tornou-se célebre pelas construções que empreendeu, entre elas o magnífico porto da cidade de Cesareia, o túmulo no Hebron para os Patriarcas, ainda hoje bem conservado, o rochedo de Massada no deserto da Judeia, o Herodion onde foi sepultado junto a Belém. O seu túmulo foi tão bem escondido que, só em nossos tempos foi descoberto, num grande palácio na base do Heródio. Quiseram levar o túmulo para o Museu de Israel, o túmulo foi empurrado sem cuidados especiais e, ao chegar à planície tinha falhas que foram substituídas por material de outra cor. Quanto às ossadas ou outros restos, o túmulo está vazio...