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Artigo de Opinião

10/04/2021 08:04

Vários têm sido os assuntos que, nas últimas semanas têm caracterizado a vida social e política dos angolanos. Problemas relacionados com a lei da nacionalidade, com uma revisão pontual da Constituição em curso, com a necessidade de preparar eleições autárquicas, com a intensidade das chuvas que, após anos de seca vem assolando, por vezes de forma violenta e inusual, o país e, mais especificamente Luanda, sempre atreita a grandes cheias, inundações e desastres pessoais e destruição de bens.

No entanto não é disso que vamos falar aqui. Aqui vamos falar de livros. Sim. De livros. De "bibliotecas" e, mais propriamente de livros para crianças já que, no passado dia 2 se comemorou o Dia Internacional do Livro para as Crianças.

Falar de bibliotecas, por norma, leva a que as pessoas remetam os pensamentos para uma enorme sala, uma casa cheia de salas, com paredes forradas de enormes prateleiras pejadas de livros. Mas, nem sempre é assim. Num país onde ainda, ao contrário do que pensam os mais novos, se sentem os efeitos de um período de guerras e destruições a que eles, felizmente não assistiram, que levaram a demasiadas justificações de falhas e incumprimentos, falar de bibliotecas remete-nos, para além das clássicas salas de livros e hoje em dia, até providas de meios informáticos, para outro tipo de locais. Para bairros, povoações, aldeias onde é difícil chegar seja pelas enormes distâncias ditadas pela imensidão do país, seja pela carência de vias de ligação, falar de livros é algo diferente.

E porque é diferente os livros chegam, até elas, de formas pouco habituais, estranhas mesmo, para quem vive, por exemplo, na Europa e mais particularmente numa ilha como a Madeira.

Uma árvore frondosa, duas paredes que se unem através de uma lona formando uma tenda, uns pneus como assentos e umas paletes como mesas, transformam-se numa biblioteca onde jovens e menos jovens têm acesso, a obras oferecidas por escritores, por proprietários de livros, por editoras e até pelas próprias crianças. E, ao fim do dia, depois das aulas ou aos fins de semana, começa a ser habitual ver meninos e meninas sob o olhar de professores e pais, empenhados em incutir, nos mais pequenos, hábitos de leitura.

Vários começam a ser os exemplos de gente empenhada em adquirir livros para, posteriormente, os distribuir por essas bibliotecas improvisadas, algumas localizadas em locais remotos de um país de dimensões quase inimagináveis para quem nunca nele viveu. Gente que, pelos seus próprios meios levam os livros até zonas remotas, de difícil acesso, por caminhos não poucas vezes quase intransitáveis.

É assim Angola. Um país que ainda se ressente de muitas vicissitudes que os homens nem sempre conseguiram, ou tiveram capacidade ou vontade de evitar, mas que tem gente que vai ganhando, cada vez mais, a consciência de que o Futuro está, efectivamente, nas novas gerações. Gerações cultas, avisadas e, sobretudo, donas de uma bagagem Cultural sólida que, também os livros transmitem.

Uma Biblioteca nem sempre precisa de paredes e armários onde se tranquem os livros. Basta que tenha livros e leitores.

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