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Artigo de Opinião

Bispo Emérito do Funchal

21/03/2021 07:00

Narra os Atos dos Apóstolos que Pedro e os apóstolos após terem sido açoitados no Templo de Jerusalém por terem falado de Cristo ressuscitado, foram proibidos, por ordem do Sinédrio, de falarem mais dele. Apesar disso: "todos os dias não cessavam de ensinar e de anunciar a Boa Nova de Jesus Cristo, no Templo e pelas casas" (A.Ap.5,42). Após o martírio de Estevão, a comunidade cristã começou a dispersar-se pelo norte de África na Cirenaica, Chipre e Antioquia. Começou o período glorioso da evangelização dos gentios, tendo Paulo e Barnabé percorrido grande parte do sul da Ásia Menor, evangelizando e batizando muitos gregos e poucos judeus.

Surge o problema da circuncisão que os pagãos não recebiam quando eram batizados, enquanto alguns judeus vindos da Judeia ensinavam que sem esse rito do tempo de Moisés não podiam ser salvos. Resultado, era preciso consultar as "colunas da Igreja" que ainda residiam em Jerusalém, Pedro, João e Tiago Menor. Paulo escreveu que entre as pessoas que tinham visto Cristo ressuscitado se encontrava Tiago (1Cor. 15,7), o que dava ao familiar de Jesus uma grande autoridade, tendo ele permanecido sempre na cidade santa de Jerusalém, tendo o próprio Paulo escrito na carta aos Gálatas que ele fazia parte das "colunas da Igreja" (Gal.2,9). Como Pedro e João tinham partido para atividades missionárias, Tiago, tinha um poder indiscutível na comunidade cristã de Jerusalém.

Por volta do ano 49 celebrou-se sob a presidência deste apóstolo o chamado primeiro dos Concílios da Igreja nascente. São Lucas trata deste acontecimento no capítulo 15 dos Atos do Apóstolos, mostrando que a conversão ao cristianismo era uma religião universal.

Paulo e Barnabé com outros subiram a Jerusalém para tratar deste novo problema "com os apóstolos e presbíteros". Tendo chegado à Cidade Santa foram recebidos pela Igreja, ou seja, o conjunto dos fiéis, os apóstolos, os presbíteros; os enviados de Antioquia contaram tudo o que Deus realizara nas cidades pagãs. Alguns dos fariseus convertidos, com um zelo exagerado, defenderam ser a circuncisão necessária para todos os convertidos vindos do paganismo. Os apóstolos, entre os quais se encontrava Tiago, e os presbíteros reuniram-se para estudar este assunto. Foi uma reunião dos dirigentes eclesiásticos. São Paulo na carta aos Gálatas (Gal. 2,2) nota que teve colóquios com Pedro, João e Tiago. Pedro, evoca a sua experiência com o centurião em Cesareia onde, após o batismo de Cornélio, o Espírito Santo desceu sobre todos os que se encontravam em sua casa, como acontecera com os discípulos em Jerusalém. No caso dos gentios, diz Pedro, porque exigir de Deus sinais milagrosos, basta a fé em Jesus Cristo, não é preciso a circuncisão, basta a fé no Senhor ressuscitado. Quando todos se calaram Tiago, o bispo de Jerusalém, ele da família do Senhor e do grupo judeu cristão, cita o profeta Amós que já profetizara a restauração da casa de David, mostrando que Deus é o autor da economia da salvação, portanto não se deve inquietar os gentios. Ajunta, porém, algumas normas concretas, para não escandalizar os judeus cristãos: "abster-se de comer as carnes imoladas aos ídolos, da fornicação e das carnes dos animais sufocados com sangue" que causava horror aos judeus, mesmo aos convertidos. Tiago pede para não ferir as relações sociais, não se trata de um problema teológico da justificação. Tendo chegado a acordo sobre a circuncisão, os apóstolos e os presbíteros, de acordo com toda a Igreja, decidiram enviar alguns irmãos a Antioquia, na Síria e na Cilícia, com Paulo e Barnabé. Escolheram Judas e Silas, pessoas eminentes entre os irmãos, para comunicar a decisão tomada: "Os apóstolos e os presbíteros irmãos aos irmãos convertidos dos gentios...pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor mais encargos além destes indispensáveis: que vos abstenhais das carnes imoladas aos ídolos, do sangue, das carnes sufocadas e da fornicação, das quais fareis bem em vos guardar. Adeus" (A. Ap.15, 22-30).

Jesus viveu para o Reino de Deus, Paulo, Pedro e Tiago Menor viveram e reuniram-se por causa do Reino de Deus, quando os apóstolos foram enviados para todo o mundo, foi preciso fazer muitas coisas novas porque o mundo era muito diverso, não para organizar uma nova religião, mas para anunciar e fortalecer o Reino de Deus, ver o mundo e a vida com os olhos e o coração de Jesus Cristo.

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