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Artigo de Opinião

Bispo Emérito do Funchal

14/02/2021 08:00

São João narra com emoção o encontro quando João Batista apontava para Jesus que passava e disse aos seus dois discípulos: "Eis o cordeiro de Deus". Ouvindo as suas palavras os discípulos seguiram Jesus. "O Senhor, voltando-se para trás, e vendo que O seguiam, disse-lhes: Que buscais? Eles disseram-Lhe: "Rabi, que quer dizer Mestre, onde habitas? Jesus disse-Lhes: Vinde ver. Foram, viram onde habitava e ficaram com Ele aquele dia. Era então quase a hora décima (quatro horas da tarde)" (Jo.1,25-39). João escreveu o seu evangelho muitos anos mais tarde, mas nunca mais esqueceu a hora da maravilhosa atração. O mesmo aconteceu a André que foi narrar a seu irmão Simão Pedro e lhe diz: "Encontramos o Messias, que quer dizer Cristo. Levou-o a Jesus que fixando nele o olhar, disse: Tu és Simão, filho de João, tu serás chamado Cefas, que quer dizer Pedra" (Jo.1,41).

No dia seguinte Jesus seguiu para a Galileia, encontrou Filipe e Natanael chamou-os, três dias depois está em Caná da Galileia para as Bodas com a sua Mãe e os discípulos.

O poder de atração de Jesus no princípio da sua pregação foi enorme, era fácil aproximar-se de Jesus porque Ele falava ao ar livre, nos campos abertos, algumas vezes à beira mar, qualquer lugar era bom para sentar-se e anunciar a sua mensagem. Alguns ouvintes eram levados pela curiosidade, outros por causa das suas curas, mas havia um grupo dos seus discípulos e discípulas de origens diferentes que Jesus via neles como uma nova família de Deus e dizia-lhes abertamente: "Aquele que fizer a vontade de Deus, esse é que é meu irmão, minha irmã e minha mãe." (Mt.3.36). Era uma família aberta e acolhedora, entre eles reinava a igualdade, era uma comunidade ao serviço dos mais humildes e desfavorecidos da fortuna, gérmen e sinal do reino de Deus. Jesus não quis fundar uma nova escola de rabinos, tanto mais que estes não recebiam mulheres.

Não viviam sujeitos ao César de Roma, não dependiam dos seus decretos, não temiam os cobradores de impostos pois nada possuíam para ser tributado, Jesus nunca imaginou fundar um novo "Império" semelhante ao de Roma, nem reunir um exército para se opor a César. Quando os fariseus lhe perguntaram se deviam pagar o tributo a César, mostrando, com vergonha e raiva, uma moeda com a figura do César de Roma respondeu-lhes: "Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus" (Mt.22,21).

Os seguidores de Jesus tiveram de aprender a viver na insegurança, não tinham as preocupações dos vagabundos e abandonados nas estradas, aquele grupo tinha de viver em paz e confiança, nem sempre eram bem-recebidos quando batiam às portas das casas pedindo comida ou hospitalidade, Jesus dava-lhes força e ânimo dizendo: "Pedi e ser-vos-á dado; procurai e achareis; batei e hão-de abrir-vos; porque todo aquele que pede, recebe; quem procura encontra, e ao que bate, abrir-se-á" (Mt. 6,25).

Estar junto a Jesus era uma festa, o Senhor procurava incutir nos seus discípulos a alegria de quem começava a descobrir a felicidade do reino de Deus. As duas grandes tarefas que Jesus deu aos seus discípulos foi expulsarem os demónios e curarem as doenças. Ao enviá-los em missão Jesus não lhes diz o que devem levar, mas o que não devem levar para não se afastarem dos mais humildes.

A maior parte dos que no princípio corriam atrás de Jesus para escutar as parábolas e ver as curas que operava, não pertencia aos grupos eruditos de Jerusalém, era gente simples, pescadores, camponeses que viviam do seu trabalho, famílias que traziam os seus doentes, mulheres que deixavam a sua casa para ver o novo profeta, mendigos, cegos, leprosos que gritavam de longe para serem ouvidos pelo Mestre, entre os militares Jesus era considerado pelos centuriões romanos, pelos estrangeiros que acorriam da Fenícia e da Síria. Por vezes a multidão era tão grande e o apertava tanto que subia para um barco para falar na margem do lago da Galileia, não tinha tempo para comer e, só ao anoitecer, se reunia com os discípulos e discípulas para os educar e ouvir, separando-se depois para orar sozinho e ter contacto com Seu Pai celeste. Jesus comovia-se ao ver estas multidões cansadas, abatidas pelas longas viagens, com fome, doenças, desprezadas pelas autoridades civis e religiosas, dependentes do poder de Roma, "como ovelhas sem pastor."

Com o grupo dos "Doze" que escolhera, estes caminhavam a pouca distância dele, juntos passavam momentos de sede e até de fome, por vezes colhendo espigas de trigo no sábado para comer, mas eram os melhores momentos para conversarem com o Mestre que, "em particular tudo explicava aos seus discípulos" (Mc 4,34). Eles foram os seus confidentes, os melhores amigos que teve durante a sua vida de Messias itinerante. O Senhor chamava-os a partilhar a sua vida e paixão por Deus e serviço total por causa do Reino. "Quem quiser salvar a sua vida, há-de perdê-la, mas, quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, há-de salvá-la" (Mc.8,35).

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