Por aquilo que o JM Madeira observou nos dias que precederam as Eleições Legislativas para o Parlamento de Portugal, a nota dominante é de um grande descontentamento misturado com o sentimento de desigualdade no tratamento, talvez até de negligência, em relação à obrigação de assegurar que os portugueses emigrados na África do Sul também podem exercer o seu direito de voto.
Há a esperança que o novo governo que sair destas eleições redirecione o país para uma trajetória de progresso e de prosperidade, ultrapassando a habitual dificuldade em ouvir os problemas graves que afligem as Comunidades no exterior. Pelo menos sobre a África do Sul, nada se ouviu falar.
Os deputados que representarão a emigração na África do Sul não promoveram um único debate público, estiveram sempre ausentes, não escutaram a comunidade.
A atitude dos candidatos em relação aos emigrantes portugueses na África do Sul deixou muito a desejar. Um membro do Executivo ainda em funções faltou à verdade, alegando que se não foram recebidos os boletins de voto é porque as pessoas não se encontravam nas suas residências, o que não corresponde à verdade.
Os votos foram enviados por via normal e não em correio registado. Em muitos casos, os boletins não chegaram atempadamente ou nunca chegaram. Uma realidade que a CNE-Comissão Nacional de Eleições não conseguiu alterar, mesmo tendo a experiência das últimas eleições.
Há casos constatados ao JM Madeira em que, por exemplo, na mesma família o marido recebeu o boletim de voto, a esposa não, estando os dois corretamente recenseados e aptos a votar.
Situações idênticas contribuem para a abstenção nas Comunidades, reflexo de décadas de abandono e de uma cultura política que coloca muitos constrangimentos a quem quer participar na vida política do seu país
José Luís da Silva, correspondente em Joanesburgo (África do Sul)